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Estamos em plena quaresma!  Todos os anos inicia-se na quarta-feira de cinzas e estende-se até a quinta-feira santa. A penitência escolhida prolonga-se ate o sábado de aleluia, completando quarenta dias. Na Bíblia o numero quarenta aparece muitas vezes: quarenta dias de dilúvio; quarenta dias de Moisés no monte Sinai; quarenta anos em que Israel passou no deserto; quarenta dias em que Elias levou para percorrer o caminho até o monte Horeb; quarenta dias em que Jesus permaneceu no deserto se preparando para a vida pública e enfrentando as tentações. É um período muito rico e fecundo na vida da igreja que pode fazer toda a diferença na vida de cada um de nós se reaprendermos e praticarmos a penitência.

Quando se fala em penitência em determinados ambientes, provoca-se mal estar. Logo se imagina em privações, praticas exteriores ou coisas como autoflagelação, punições físicas ou espirituais. O objetivo da penitência não é nos fazer sofrer ou nos privar de algo que nos agrada, não é um fim, e sim um meio para que possamos reencontrar o eixo que faz a engrenagem de nossa vida girar em suas múltiplas dimensões, compromissos, responsabilidades de maneira harmônica e tranquila, sem estresses e desgastes desnecessários.

A essência da penitência é interior. É revisitar o nosso eu de um modo mais demorado e profundo. Seu ponto de partida é sempre uma abertura maior ao amor de Deus que tudo transforma a partir da abertura do coração humano. A penitência que seja apenas atos externos e privações, sofrimentos, pouco ou nada vale, pois não atinge seu objetivo. Por isso ela nunca pode ser imposta, deve ser sempre um gesto de liberdade.

Jesus foi incisivo ao dizer: “nada que entre de fora torna impuro o ser humano, o que sai de dentro é que o torna impuro” (Mc 7,14-15). Devemos programar e construir a nossa vida a partir de dentro e não de fora, dos assédios, apelos e solicitações que nos chegam pela redes sociais, televisão etc. O decisivo para nossas relações com Deus e com todos é o que trazemos em nosso coração. Pode-se adornar o ser humano com cultura, ciência, técnica, contudo, se em seu interior em seu coração não for bom, justo, verdadeiro, honesto, capaz de fazer o bem, de amar, seu futuro não será mais humano. Ensinou Jesus: “aquele que é bom tira o bem da bondade que entesoura em seu coração e aquele que é mau tira o mal de sua maldade” (Lc 6,45).

A melhor penitência,  portanto, é aquela que nos ajuda a, a partir de dentro, desenvolver mais a sensibilidade, empatia, compaixão, cordialidade, acolhida, bondade, o perdão, a solidariedade… tornando-nos mais humanos, vencendo toda a forma de rancor, ressentimento, apatia e indiferença diante da dor e sofrimento do outro.

Busquemos neste período quaresmal diminuir o ritmo frenético em que vivemos, interrompendo todos os dias, ao menos duas ou três vezes, por alguns minutos nossas pressas, aquietando nossa mente e coração, permanecendo em silencio em nosso anterior, entrando em contado conosco mesmos, a fim de recuperar nossa liberdade, resgatando nossa lucidez e a paz. Sem esse exercício de silencio interior não se pode ouvir a Deus, reconhecer sua presença e bondade em sua vida. O bem não brota de nós  espontaneamente. Precisamos cultivá-lo e faze-lo crescer no fundo do coração.

Uma santa e fecunda quaresma para todos!

Fraternalmente,

Pe. Ademir

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