Pentescostes em meio á Pandemia do Covid 19

No próximo dia 23, em comunhão com toda a Igreja, vamos celebrar a Solenidade de Pentecostes. A grande prece da Igreja em todo o mundo neste dia será uma só: “VEM ESPIRITO DE DEUS E DE TODA A TERRA A FACE RENOVAI.”

 Originariamente, Pentecostes era uma festa judaica, agrícola que na qual, celebrada cinquenta dias após a Páscoa, se agradecia à Deus a colheita da cevada e do trigo; no século l tornou-se a festa histórica que celebrava a Aliança, o Dom da Lei no Sinai e a Constituição do Povo de Deus.              

Ao situar neste dia da festa o Dom do Espirito derramado sobre os Apóstolos ( At. 2,1-11), Lucas sugere que o Espirito é a Nova Lei da Nova Aliança, pois é Ele que constitui e dinamiza a Nova Comunidade do povo de Deus. No evangelho do dia da festa, vamos ouvir apenas cinco versículos de João (20, 19 – 23). Contudo, dizem muito sobre o atual momento que estamos vivendo. “Os discípulos encontram – se reunidos “ao anoitecer”, “às portas fechadas,” “com medo dos judeus .”Pode – se dizer , trata – se de um retrato de uma comunidade tímida, que se sente desamparada, desorientada, insegura ; uma comunidade que perdeu as suas referências e sua identidade ; uma comunidade que ainda não fez a experiência do Espirito.

   Nos últimos tempos todos temos vivido experiências semelhantes: estamos ainda atravessando o  “ anoitecer,” de uma pandemia que nos tem causado tanta tristeza e lágrimas , pelo contágio e morte de tantos irmãos e amigos nossos; nossas igrejas estiveram por vários meses “ às portas fechadas,” impedidas de viver àquilo que dá sentido à nossa fé : a celebração presencial em comunidade  da Eucaristia e o encontro fraterno com os irmãos(ãs) e com o Ressuscitado, razão de nossa alegria e esperança ; “ o medo,” de sermos também nós infectados pelo corona vírus e aumentarmos a triste marca de milhares e milhões  de óbitos no Brasil e mundo afora.

   Como sugere o texto do evangelho, a experiência do Espirito é que nos possibilita superar nossos medos, nossas incertezas, nossas limitações, nossos fracassos para testemunharmos no mundo o amor que Jesus viveu até as últimas consequências; é a experiência do Espirito que nos torna capazes de resgatar a audácia profética e nos faz sonhar com um mundo novo, em que as injustiças e desigualdades sociais, a miséria e a fome, a insensibilidade e a indiferença, e tantos outros males foram erradicados para sempre pelo amor, a empatia, a solidariedade e o comprometimento com o outro, sobretudo os mais sofredores e vulneráveis.  

Irmãos e irmãs, celebrar a Solenidade de Pentecostes neste ano em meio ao caos gerado pela pandemia da covid-19, impõe a todos nós a necessidade urgente de renovarmos a consciência da presença contínua do Espirito Santo em nós e em nossas comunidades, para discernirmos nas diferentes situações e acontecimentos à nossa volta, seus apelos, suas indicações, a fim de que nossa ação e testemunho correspondam sempre à proposta libertadora de Jesus do Reino de Deus. Fraternalmente em Cristo!

Pe. Ademir Andrade de Sá